domingo, 14 de junho de 2009

O peso da infância

As mochilas pesadas causam graves problemas na coluna das crianças.


O estudante Rodrigo, de 15 anos, se queixa diariamente de dores na coluna. Sua mãe, Andrea Cunha luta para convencer seus dois filhos a carregarem menos peso. "A mochila deles é muito pesada. Na escola, são muitas matérias. Tem dias que chegam a seis disciplinas. E para cada uma delas, há livros e cadernos específicos", desabafa. Esta é a rotina de peso de muitos alunos do ensino fundamental, uma realidade que pode causar muitos danos à saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 85% das pessoas têm, tiveram ou terão dores na coluna. E elas podem ser uma herança nada agradável de uma infância carregada de peso excessivo nas costas.
De acordo com o ortopedista e chefe do setor de coluna do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), Luiz Cláudio Schettino, o excesso de peso carregado pelas crianças pode causar dores de cabeça, nas costas, fadiga muscular, postura incorreta e, indiretamente, levar a desvios na coluna vertebral, como escoliose, lordose e cifose. "As crianças carregam peso exageradamente. É importante que os pais compreendam que essa situação pode trazer transtornos como estresse muscular e dores por excesso de esforço", revela. Mas, segundo o especialista, as mochilas pesadas não causam, diretamente, os desvios progressivos na coluna da criança. Eles são conseqüência de uma má postura que pode ser ganha com esse acréscimo de peso.

A mochila ideal


De lona, nylon, jeans, poliéster ou cordura. Com poliuretano ou sem. Neutras, coloridas, lisas ou estampadas. O mercado de mochilas oferece diversos modelos. Mas você sabe escolher a melhor opção para o seu pimpolho? Os especialistas acreditam que o modelo de mochila mais apropriado para as crianças é o de rodinhas, uma vez que o peso se encontra no chão e não na coluna. No entanto, a maioria dos pequenos resistem a ela, por acreditarem que são infantis.


Este é o caso de Milena, de 10 anos. Ela abandonou o modelo de rodinhas por acreditar que já estava bem "grandinha" para ele. Para contornar a situação, sua mãe, Mirna França, tem fiscalizado a mochila da filha garantindo que ela só carregue o essencial para a escola. "No primeiro dia de aula, ela trouxe todos os livros e cadernos para casa. Falei que se o material não ficasse na escola, eu iria arrumar a mochila com apenas o material do dia. Quero que a bolsa dela pese no máximo um quilo", conta.

Algumas escolas também proíbem o uso de mochilas com rodinhas, por arranharem pisos e escadas, e porque as crianças têm o hábito de apostar corrida com elas. De qualquer modo, se os pais optarem por esse modelo, devem ficar atentos à altura da alça. A criança deve ficar com a coluna reta enquanto puxa a mochila, de forma a não sobrecarregar quadril e joelhos.
Qualquer que seja o modelo escolhido, a carga deve corresponder a, no máximo, 10% do peso da criança, sendo 5% o valor ideal. Significa dizer que uma criança que pese 40 quilos deve carregar uma mochila de dois quilos. As alças devem ser largas para melhor distribuírem o peso e, de preferência, acolchoadas, para diminuírem o risco de ferimentos e a pressão que exercem sobre a clavícula.

É imprescindível que a mochila seja anatômica e fique na posição mais alta das costas, a 5 cm da cintura, sem sobrecarregar a lombar. Ela deve ser carregada junto à coluna. Quando aproximamos o peso do eixo central do corpo, diminuímos o vetor de carga e, conseqüentemente, o esforço para carregá-lo. Os modelos que trazem cinto ajudam nessa adaptação. Por esse mesmo motivo, se a criança optar por carregar os livros na mão, deverá mantê-los abraçado junto ao tronco. No caso de mochilas transpassadas, o peso deve ser distribuído de forma uniforme e, nesse caso, é fundamental que a criança alterne os ombros.

0 comentários: